segunda-feira, 15 de agosto de 2016

João: uma gnose prática? (Artigo de Johan Konings)

Título: João: uma gnose prática?

Autor: Johan Konings

Publicação: Caminhos (2016)

Resumo: Lembrando que o Quarto Evangelho há muito foi relacionado à gnose, positiva ou negativamente, e considerando a tendência gnóstica como fenômeno cultural mais do que como doutrina, lançamos a hipótese de que o campo lexicológico do conhecimento, em João (evangelho e cartas), não apenas é muito importante, mas veicula um aspecto prático: o conhecimento por participação na prática (“caminho”) de Jesus de Nazaré. Sobretudo a mútua iluminação de textos como Jo 14,6-9 e 1Jo 4,7-12 traz à luz essa dimensão. Conhece-se o amor de Deus participando dele na prática da vida de Jesus, e essa é a revelação de “como Deus é”: amor. No fim colocamos a pergunta da relevância dessa intuição para nosso tempo que recoloca a pergunta do sentido de nosso agir e da própria humanidade.

Palavras-chave: Conhecimento participativo. Prática. João evangelho e cartas. Amor. Gnose.

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quarta-feira, 27 de julho de 2016

Bênção e Alteridade: um ensaio sobre o Salmo 67 (Artigo de Cesar Rios)

Título: Bênção e Alteridade: um ensaio sobre o Salmo 67

Autor: Cesar Motta Rios

Resumo: O Salmo 67 não tem um contexto histórico específico de composição bem discernível. Parece estar relacionado com a produção agrícola. Alguns comentadores o tomam como agradecimento por uma boa colheita. Contudo, essa proposta não é unânime. Há indícios de que se trate, antes, de uma prece. Neste artigo, procuro demonstrar que a bênção (pedida em prece ou agradecida) não é o único tema central do poema. A relação do povo de Israel, que canta o Salmo, com os demais povos é muito relevante para a compreensão de seu sentido. Uma leitura atenta pode fazer perceber que o Salmo 67 favorece o acolhimento do outro, e a percepção da bênção de Deus sobre seu povo como algo realizado a favor de todos.

Publicação: Contemplação (FAJOPA)

Ano: 2016

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segunda-feira, 11 de julho de 2016

Catálogo de portos da Antiguidade





Se você tem interesse no tema de embarcações e portos na Antiguidade, você pode gostar de visitar este site: 

sábado, 9 de julho de 2016

Temos nossa casa no Facebook

Algum leitor pode não saber, mas o Cristianismo e Antiguidade tem uma página no Facebook. Frequentemente, ela é usada para divulgar postagens do próprio blog, mas há postagens específicas de lá também. Confira:

https://www.facebook.com/cristianismoeantiguidade/


sexta-feira, 1 de julho de 2016

O estudo das línguas bíblicas: descartável ou essencial? (Artigo de Marie Krahn)

Título: O estudo das línguas bíblicas: descartável ou essencial?

Periódico: Estudos Teológicos (EST)

Ano: 2006

Autora: Marie Krahn

Resumo: Com base em argumentos e práticas de Martim Lutero, que diz que não se pode fazer teologia sem filologia, este artigo questiona o pouco tempo investido no ensino das línguas bíblicas em muitas instituições luteranas de formação teológica. Apresenta alguns argumentos dados por estas instituições para justificar o corte de horas no ensino destas línguas. Depois apresenta argumentos provindos tanto de Martim Lutero como de outros autores, de obreiros/as e de estudantes para justificar a intensificação do estudo das línguas bíblicas. Para concluir, trabalha dois textos curtos do Antigo Testamento a partir do hebraico, mostrando, na prática, como o conhecimento de hebraico ajuda na compreensão do texto e dos comentários sobre o texto. Com isto tenta mostrar que o conhecimento das línguas bíblicas é uma ferramenta importante para um fazer teológico mais consistente, profundo, autônomo e contextualizado.

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terça-feira, 28 de junho de 2016

Aspectos histórico-sociais da apocalíptica (artigo de Ângelo Silva)

Título: Aspectos histórico-sociais da apocalíptica

Autor: Ângelo Silva

Ano: 2015

Publicação: Oracula (UMESP)

Resumo:  Com o intuito de expor o conteúdo da apocalíptica com suas particularidades histórico-sociais, este artigo propõe um olhar para tal literatura a partir de dois aspectos constituintes fundamentais: literatura apocalíptica como resultado de perseguição e literatura apocalíptica como composição de diversas fontes.

Palavras-chave: Apocalíptica; perseguição; fontes.

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domingo, 15 de maio de 2016

Em Atos 9.27, é Barnabé que conta aos apóstolos sobre a conversão de Saulo? Não seria o próprio Saulo?



Eis a questão!

As traduções tendem a deixar Barnabé como o sujeito da contação. Veja só algumas como exemplo:

NTLH
Então Barnabé veio ajudá-lo e o apresentou aos apóstolos. E lhes contou como Saulo tinha visto o Senhor no caminho e como o Senhor havia falado com ele. Barnabé também contou como, em Damasco, Saulo, pelo poder do nome de Jesus, havia anunciado corajosamente o evangelho.

NVI
Então Barnabé o levou aos apóstolos e lhes contou como, no caminho, Saulo vira o Senhor, que lhe falara, e como em Damasco ele havia pregado corajosamente em nome de Jesus.

ARA
Mas Barnabé, tomando-o consigo, levou-o aos apóstolos; e contou-lhes como ele vira o Senhor no caminho, e que este lhe falara, e como em Damasco pregara ousadamente em nome de Jesus.

"Vai lá, professor, olha no grego e conta se é isso mesmo!" - diz o aluno que ainda não entendeu que o grego nem sempre resolve tudo. O texto é ambíguo. Se lido só o verso isoladamente, de fato, pode parecer que o sujeito tem que ser Barnabé. Mas, quando se levanta a questão, por causa do contexto considerado como um todo, percebe-se que Saulo também pode ser sujeito do verbo.

Βαρναβᾶς δὲ ἐπιλαβόμενος αὐτὸν ἤγαγεν πρὸς τοὺς ἀποστόλους καὶ διηγήσατο αὐτοῖς πῶς ἐν τῇ ὁδῷ εἶδεν τὸν κύριον καὶ ὅτι ἐλάλησεν αὐτῷ καὶ πῶς ἐν Δαμασκῷ ἐπαρρησιάσατο ἐν τῷ ὀνόματι τοῦ Ἰησοῦ.

É de se notar que NTLH e NVI acrescentam o nome de Saulo como sujeito explícito do verbo "ver". Assim, praticamente excluem a possibilidade de que ele seja aquele que conta isso. Não se diria: "O Cesar contou como o Cesar viu o ônibus sair sem ele". Por outro lado, seria possível: "O Cesar contou como ele viu o ônibus sair sem ele". O sujeito de "contar" não costuma estar inserido nominalmente no conteúdo do contado. Enfim, em grego, o nome não está lá. A NTLH ainda acrescenta: "Barnabé também contou". A ARA mantém a possibilidade da ambiguidade presente no texto grego.

Pois então, abaixo, exponho o link para um pequeno artigo de Mark Wilson. Ele pretende lançar luz sobre essa questão. A meu ver, consegue. Observando (além do contexto narrativo) o fato de que o testemunho de alguém que tenha vivenciado ou visto os fatos testemunhados é estritamente importante para os textos de Lucas/Atos, assim como a existência de possível paralelo entre o tríplice relato do ocorrido na casa de Cornélio e o tríplice relato da conversão de Saulo, Wilson defende que Saulo mesmo relatou aos apóstolos o ocorrido. Barnabé só o teria apresentado a eles. O artigo é conciso e claro.


Não costumo compartilhar aqui artigos escritos em inglês, porque pretendo que o blog seja acessível a todos, e porque julgo positivo divulgar o trabalho dos pesquisadores falantes de português. Contudo, o fato de ser artigo curto e sobre problema que eu desconhecia me motivou a divulgá-lo. Além do mais, é notável que se trate de produto de pesquisa realizada no Sul, isto é, na África do Sul, e não no eixo Estados Unidos-Europa.

terça-feira, 8 de março de 2016

O acrônimo do peixe segundo Agostinho




Mas destas cinco palavras gregas, as quais são Ἰησοῦς Xριστός θεοῦ υἱός σωτήρ, o que é em português ["em latim", no original] Jesus Cristo de Deus Filho Salvador, se as primeiras letras reúnes, resultará ἰχθύς, isto é, “peixe”, termo com que misticamente é entendido “Cristo”, uma vez que no abismo desta condição mortal, como na profundeza das águas, ele pôde estar vivo, isto é, sem pecado.

Horum autem graecorum quinque verborum, quae sunt, Ἰησοῦς Xριστός θεοῦ υἱός σωτήρ quod est latine Iesus Christus Dei Filius Salvator, si primas litteras iungas, erit ἰχθύς id est Piscis, in quo nomine mystice intellegitur Christus, eo quod in huius mortalitatis abysso velut in aquarum profunditate vivus, hoc est sine peccato, esse potuerit.

(Agostinho - Cidade de Deus 1, XVIII, 23)

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Todo judeu do século I d.C. queria impor a Lei sobre todo mundo ou odiava todos os não-judeus?

Cesar Rios

Você conhece aquela imagem que pintam dos judeus (e costumam generalizar mesmo, falando sobre “os judeus”) dos tempos de Jesus como sendo incorrigivelmente arredios com todos os seres humanos não-judeus? Dizem que só respeitavam quem tentasse cumprir a lei à risca, que queriam impor as leis da Torah e da tradição oral sobre todos os que se aproximassem deles, essas coisas. Particularmente, já escutei esse tipo de coisa em muitos lugares. O problema básico reside no fato de que as pessoas que dizem isso constroem um argumento circular. Deduzem essa informação a partir da leitura do Novo Testamento e, em seguida, aplicam essa informação para interpretar o Novo Testamento. Não percebem que “os judeus” não estão descritos no Novo Testamento como se este fosse um tratado etnográfico. Não percebem que é preciso olhar para o contexto mais amplo e para outras fontes antes de definir algo de forma tão radical.

Uma coisa muito interessante foi escrita por Fílon, o judeu alexandrino dos tempos de Jesus. Ele entendia que uma pessoa (não judia necessariamente) seria bem-aventurada se cresse/entendesse 5 coisas básicas simplesmente. Veja só:

A pessoa que aprendeu estas coisas mais pela reflexão que por tê-las escutado, e que selou em sua alma estas noções maravilhosas e muito disputadas – que há e está aí um Deus, que o Ser verdadeiro é um, que ele criou o cosmo, e o fez um somente, como foi dito, tendo o assemelhado a si mesmo no que concerne à unicidade, e que ele age providencialmente para com o que foi criado – viverá uma vida bem-aventurada e feliz, tendo recebido em si a inscrição de dogmas de devoção e santidade.
Fílon, o judeu

Nem todos os empreendimentos revisionistas são produtivos e desenvolvidos de modo sóbrio. Mas algumas coisas precisam mesmo ser reconsideradas à luz de informações mais amplas.